quinta-feira, 4 de novembro de 2010

AMIZADE

Era uma amizade como poucas.
Quando queria sentir a lealdade, olhava para sua amiga.
Era uma amizade histórica.
Mas as histórias nem sempre são longas e a desta amizade foi curta.
Viveram momentos que outros não entenderiam, mas as mais belas estórias nem sempre são as mais extensas.
Esta é uma história curta, como esta amizade, mas profunda, como só os grandes sentimentos são.
O verdadeiro amor é solidificado aos poucos, no convívio do ceder, do renunciar, do amor ao próximo.
Foi assim que a menina e sua cachorra Susi se descobriram companheiras e amigas. Parceiras no jogo lúdico das brincadeiras, das maquinações no quintal, dos diálogos imaginários e das fantasias idealizadas.
Mas como eu disse, esta é uma história curta.
E num dia em que a menina se levantou num domingo, correndo para acordar sua amiga Susi ... Descobriu que ela não queria abrir os olhos.
Nem mesmo quando a menina gritou...
Nem mesmo quando a menina chorou...
Nem mesmo quando a menina retirou as formigas da sua boca...
Nem mesmo quando a menina caiu de joelhos...
A cachorra Susi não abriu mais os olhos, mas abriu os olhos da menina.
A menina abriu os olhos para aprender o amor ao sentir a dor da perda, aprendeu que nem todos têm os olhos abertos para nos enxergar com a beleza que possuímos, mas que nossos verdadeiros amigos jamais fecharão os olhos do coração para nós, mesmo quando os olhos físicos já não mais existirem.
Há amizades que rendem uma boa risada.
Há amizades que rendem uma boa lembrança.
Há amizades que rendem uma boa história.
E há as amizades que ultrapassam a morte e que carregamos o que aprendemos com nossos amigos na nossa conduta frente ao mundo.
E a menina aprendeu com sua cachorra a jamais fechar os olhos para o essencial da vida: amar, perdoar e enxergar além do óbvio.


Nenhum comentário:

Postar um comentário